SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA INDÚSTRIA PETROLÍFERA: UMA ANÁLISE DAS ESTRATÉGIAS DE TRANSIÇÃO ENERGÉTICA DA PETROBRAS NO PERÍODO 2003-2023

Nome: WALTER SERRÃO NETO

Data de publicação: 11/03/2025

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
CELSO BISSOLI SESSA Examinador Interno
LEANDRO DE SOUZA LINO Examinador Externo
ROBSON ANTONIO GRASSI Presidente

Resumo: A transição energética é um tema central na agenda global, impulsionada pela necessidade de reduzir a dependência de combustíveis fósseis, que ainda representam aproximadamente 82% da energia produzida mundialmente. A indústria petrolífera, ao longo de décadas, consolidou-se como uma das mais influentes e rentáveis, desempenhando papel crucial na economia mundial. Contudo, os impactos ambientais e as mudanças climáticas decorrentes da queima de combustíveis fósseis, principal fonte de gases de efeito estufa (GEE), evidenciam a urgência de transformar a matriz energética global para fontes menos poluentes. Esse processo desafia a indústria de óleo e gás, que enfrenta o dilema de acelerar sua transição energética
sem comprometer os investimentos já realizados em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) nas áreas tradicionais de exploração e produção. No caso específico da Petrobras, entre 2003 e 2023, as estratégias de sustentabilidade e transição
energética foram fortemente influenciadas pelas características dos governos em exercício. Governos de corte mais intervencionistas priorizaram investimentos de longo prazo, inclusive na transição energética, enquanto governos considerados pró- mercado focaram em resultados financeiros de curto prazo, rebaixando questões ambientais e de transição energética a um segundo plano. Essa pesquisa analisa a evolução da Petrobras neste contexto político, considerando o impacto de acordos
ambientais no combate ao aquecimento global e das diretrizes corporativas sobre a sustentabilidade de suas operações. A metodologia combinou a análise documental de relatórios financeiros e de sustentabilidade da própria empresa e de grandes
operadoras internacionais, estudos setoriais, dados de agências, instituições não governamentais pró-clima e comparações com majors internacionais atuantes no Brasil. Os resultados mostram que, embora a Petrobras tenha avançado na eficiência
operacional e na descarbonização, especialmente com tecnologias como captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS), aplicadas principalmente a questões operacionais do pré-sal, ela se distanciou de áreas estratégicas em energias
renováveis, como biocombustíveis, energia eólica em terra (onshore) e mar (offshore), solar e hidrogênio. Essas tecnologias são o foco das principais operadoras de petróleo mundiais, devido à sua sinergia com as estruturas existentes e ao conhecimento
acumulado pelo setor de petróleo. A comparação com empresas como Shell, BP, Total e Equinor, que são majors atuantes no Brasil, evidencia que a Petrobras está em desvantagem na corrida pela diversificação da matriz energética, embora supere operadoras como a Petrochina em termos de aderência às boas práticas do mercado. Dessa forma, para manter sua relevância a médio e longo prazo em um mercado cada vez mais regulado e competitivo, a Petrobras precisará integrar tecnologias limpas, adotar padrões mais rígidos de sustentabilidade e equilibrar crescimento econômico com inovação tecnológica. A precificação de emissões de GEE e a pressão por políticas alinhadas à agenda ASG tornam esse equilíbrio essencial para o futuro da companhia.

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